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DA FRANÇA AO JAPÃO
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ser esmagadas pela força do que venderem seo solo ou comprometterem o futuro da patria.

É, sobretudo, a propaganda ruinosa da liberdade de commercio que serve de apoio a estes tratados extorquidos pelos canhões inglezes, que substituem, sempre com vantagem, as mallogradas negociações diplomaticas; deixando a escolha, de uma nação livre e então rica de seos recursos naturaes, a paz na miséria ou a guerra com os seos horrores, — a bolsa ou a vida; — e mais tarde, a bancarota infallivel proporciona occasião a Rainha dos mares para transformar estes paizes em protectorados e colonias.

Aos grandes acontecimentos suscitados no começo do século pela Inglaterra, e que mudarão a face política de muitos Estados da Europa, succederão questões de interesse commercial para este paiz, nas quaes, o espirito do publico inglez estava perfeitamente de accordo com o governo.

Assim é, que facil foi a victoria para a Inglaterra, cujas doutrinas da sua politica externa cifrava-se em propagar e sustentar por todos os meios a liberdade de commercio, necessariamente vantajoso para ella que somente dispõe de sua industria manufactureira e exclusivamente utilisa materias primas estrangeiras.

Finalmente, contando em cada um dos seos filhos um collaborador da grande idéa — a preponderancia no commercio do mundo — a Inglaterra interessou em Portugal, com o importante commercio dos vinhos do Porto; em Hespanha, chamando a si as manufacturas de algodão de Barcellona, receiando a concorrência com Manchester e Liverpool; na Sicilia, monopolisando o enxofre; e finalmente, no Egypto, ingerindo-se na administração do paiz, para matar a industria da algodão egypcio; creando toda sorte de difilculdades á sabia administração de Mehemet-Ali.

Julgando-se senhora do Mediterraneo, a Inglaterra, qual inconsciente usurario, tratou de monopolisar o commercio das Indias e d’outros paizes asiaticos, já seduzindo com o seo ouro