Página:Diccionario Bibliographico Brazileiro v1.pdf/11

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mandassem seus filhos a Coimbra estudar, é claro que não podiam os brazileiros naquelles seculos cultivar as lettras.

No seculo passado pouco modificaram-se as cousas em beneficio dos filhos do paiz.

Os conventos de diversas ordens religiosas abriram aulas para a mocidade estudiosa; outras aulas de humanidades appareceram nas capitaes das capitanias; alguns jovens, descendentes de portuguezes e mesmo de nacionaes, poderam ir á Portugal e ahi fizeram cursos academicos. Mas, si não era permittido ao Brazil possuir um prelo, e nem se consentia que houvesse associações litterarias; si era vedada em summa a transmissão pela palavra do estudo que cada um fizesse, ou dos conhecimentos que adquirisse, com quantas e quão grandes difficuldades não lutava o brazileiro, já instruido, para dar á publicidade qualquer obra?

Taes difficuldades não consistiam só nas despezas maiores, e em ter em Portugal um encarregado da impressão da obra, que muitas vezes era extraviada antes de vir á luz. Era preciso fazel-a passar incolume pelos cadinhos do desembargo do paço e do nunca assaz execrando santo officio, dessa horda odiosa e amaldiçoada de homens que tanto abateram e ultrajaram a religião de Christo.

Sabe-se que antes da familia real passar-se para o Brazil, apenas uma typographia aqui se inaugurou, no meiado do seculo passado, por iniciativa de uma sociedade litteraria, a dos selectos, instituida por consentimento e sob os auspicios do governador Conde de Bobadella, a quem esta sociedade tecera tantos encomios, que — parece — fôra ella