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LXXXVII

A sege.

Chegára ao ultimo degrau, euma ideia me entrou no cerebro, como se estivesse a esperar por mim, entre as grades da cancella. Ouvi de memoria as palavras do pae de Manduca pedindo-me que fosse ao enterro no dia seguinte. Parei no degrau. Reflecti um instante; sim, podia ir ao enterro, pediria a minha mãe que me alugasse um carro...

Não cuides que era o desejo de andar de carro, por mais que tivesse o gosto da conducção. Em pequeno, lembra-me que ia assim muita vez com minha mãe ás visitas de amizade ou de ceremonia, e á missa, se chovia. Era uma velha sege de meu pae, que ella conservou o mais que poude. O cocheiro, que era nosso escravo, tão velho como a sege, quando me via á porta, vestido, esperando minha mãe, dizia-me rindo :

— Pae João vae levar