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CXXXIV

O dia de sabbado.

A ideia saiu finalmente do cerebro. Era noite, e não pude dormir, por mais que a sacudisse de mim. Tambem nenhuma noite me passou tão curta. Amanheceu, quando cuidava não ser mais que uma ou duas horas. Sai, suppondo deixar a ideia em casa; ella veiu commigo. Cá fóra tinha a mesma côr escura, as mesmas azas trepidas, e posto avoasse com ellas, era como se fosse fixa; eu a levava na retina, não que me encobrisse as cousas externas, mas via-as atravez della, com a côr mais pallida que de costume, e sem se demorarem nada.

Não me lembra bem o resto do dia. Sei que escrevi algumas cartas, comprei uma substancia, que não digo, para não espertar o desejo de proval-a. A pharmacia falliu, é verdade; o dono fez-se banqueiro, e o banco prospera. Quando me achei com a morte no bolso senti tamanha alegr