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Página:Dom João VI no Brazil, vol 1.djvu/49

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DOM JOAO VI NO BRAZIL 27

logo em seguida o Imperador, na expansao da delirante am- bigao que o cegara e cuja morbidez Talleyrand tao finamente sondou em Erfurt, procuraria enfeudar in totum a sua fami- lia obscura a Peninsula gloriosa de Colombo, Gama, Maga- Ihaes e Pombal.

Quando Primeiro Consul, Napoleao pensara em agru- pnr os irmaos em roda de si, formar com elles a sua guarda, distribuir por elles os grandes services do Estado, entre- gando a Jose as relates exteriores, a Luciano a administra- qao interna, a Luiz o exercito e a Jeronymo a marinha. Go- rara a combinacao por culpa dos proprios interessados, que se nao prestavam de boa mente aos papeis secundarios ou tinham de obedecer as exigencias das suas idiosyncrasias. Jose, intelligent^ dissimulado e indolente, nunca se resignou, como primogenito, a nao ser o chefe do clan dos Bonapartes, capi- taneando esse ban do de aventureiros que se apossara da Eu- ropa. Luciano, o mais talentoso da familia, perdia por trefego e palrador : a presumpcao e a agitagao que o distinguiam, nao encontrando pasto bastante nos lugares subalternos a que o verdadeiro heroe do 18 Brumario se via confinado, fizeram d elle um perenne descontente. A doenga convertera Luiz n um incuravel hypocondriaco, e Jeronymo nunca passou de um amavel libertino ( I ) .

Ao sentar-se no throno, Bonaparte sonhou com a resui- reiqao de uma Roma imperial, nucleo e centro de uma porgao de estados tributaries, governados no mesmo espirito, sob as mesmas leis e por principes da mesma casa, gravitando como satellites em volta da Franga. Tal e a razao da fundagao do grao-ducado de Berg e do reino de Westphalia outorgados a Murat e a Jeronymo, e da collocagao de Jose e Luiz nos

��(1) F. Masson, Napoleon et sa Famille, passim.

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