Página:Eneida Brazileira.djvu/185

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Vós ó deuses e deusas, que empecera
Dardania e a glória sua, he justo que ora
Todos poupeis a geração dos Phrygios.
E tu me dá, santissima vidente,
70(O indevido não peço) em Lacio os numes
Nossos fixar e os vagabundos lares.
De marmore massiço a Phebo e á Trivia
Templos e festas crearei phebéas.
A ti no reino espera-te um sacrario,
75Que te guarde as respostas e os arcanos
Dictados, alma vate, á gente minha;
Hei-de eleitos ministros dedicar-te.
Não confies, t’o rógo, ás folhas versos,
Nem dos ventos ludibrio aos ares voem:
80Tu mesma os cantes.» Á oração poz termo.
Torva e indocil ao deus, por sacudil-o
Do anciado peito, a debacchar braveja:
Tanto elle mais fatiga a bôca irosa,
E o fero coração lhe opprime e doma.
85Eis do antro os cem portões, de si patentes,
Vaticinios despedem pelas auras:
«Oh! quite emfim do pégo, em terra a transes
Mais graves te prepara. Ham de ir os Troas
A Lavino, socega; antes comtudo
90Lá não têr ido: guerra, horrida guerra,
Do sangue o Tibre inchado espumar vejo.
Nem dorios arraiaes, nem Xantho ou Símois,
Te faltarão; tambem de deusa filho,
Ha no Lacio outro Achilles: nunca os Teucros
95Tenaz deixará Juno. A quem, na angústia,
A que italas nações, a que cidades
Não tens de supplicar! E sempre a causa,
Uma hóspita mulher, um tóro externo.
Tu não fraquêes; mais que a sorte ousado,
100Resiste aos males. De livrar-te o meio