Página:Eneida Brazileira.djvu/280

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Como a Nereia Doto ou Galatéa.»
Isto ao jurar, do irmão pela agua estygia
E torrentes de pez e atra voragem,
Annue; e ao senho treme o Olympo todo.
105Raia o dia aprazado pelas Parcas;
De Turno a injúria dos baixéis as tedas
Faz que Cybele aparte. Aos olhos brilha
Nova luz, e da aurora em vasta nuvem
Os córos do Ida pelo céo transcorrem;
110Aos Rutulos e Troas voz terrivel,
Talhando os ares, tomba: «Apressurados,
Phrygios, não vos armeis por esses lenhos;
Os mares quimará mais facil Turno
Que os meus sacros pinheiros. Ide sôltas,
115Ide, Ops vos ordena, equoreas deusas.»
Subito as pôpas, cada qual das ribas
Cabos rompendo, os beques mergulhados,
Se afundam quaes delphins. Do pégo, oh pasmo!
Quantas retinha a praia bronzeas proas
120Surdem, mudadas em virgineos rostos,
E vam-se ao largo. Os Rutulos se espantam,
Messapo enfia, turbam-se os cavallos;
Rouco o Tibre, assustado, o passo encolhe.
Só Turno, firme e afouto, anima, exprobra:
125«Sam contra Enéas, grita, esses portentos;
Roubou-lhe Jove o sólito recurso:
Já nem tiros, nem fogo as naus aguardam.
Fechado o mar, vedou-se a fuga aos Teucros,
Falta-lhes o mais orbe; e a terra he nossa,
130Mil ítalas nações por nós conspiram.
Nada os fataes oraculos me assombram,
Se de alguns o inimigo ora se jacta.
Basta a Venus que os seus na pingue Ausonia
Toquem: tenho outro fado, he retalhal-os...
135Nefandos! que usurpar-me a espôsa querem.