Página:Eneida Brazileira.djvu/334

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Qual por virginio pollice apanhada
Molle violeta, ou languido jacintho;
A quem brilho nem cheiro inda fallece,
Mas não vigora e nutre a mãe terrena.
70Duas purpúreas opas recamadas
Enéas tira, em que a Sidonia Dido
Com doce esmêro trabalhara mesma,
As telas de ouro fino entretecendo:
Mesto, em honra final, véste uma ao joven,
75Com outra a coma para as chammas véla.
Manda lanças, frisões e tanto espólio
Da laurentina pugna, em longa serie
Dispôr; e atrás das costas maniatados
Os que ás sombras destina e regar devem
80A pyra com seu sangue; e os chefes tragam
De hostis arnezes troncos revestidos,
Onde inimigos nomes se insculpiram.
Conduzem de annos gasto o pobre Acetes,
Que a punhadas o peito, o rosto a unhas
85Desfigurando, pelo pó se estira.
Vem do rutulo sangue o tinto coche;
E atrás, posto o jaez, humidas gottas
Ethon, fero corsel, dos olhos verte.
Vem o elmo e a lança; o mais roubou-lhe Turno.
90Lento a phalange marcha etrusca e teucra,
De armas em funeral o arcadio bando.
Dêsque em ordem se alonga o sahimento,
Retem-se Enéas, e suspira e geme:
«A outros prantos nos chama a fatal morte.
95Salve, eximio Pallante, e para sempre
Adeus, amigo, adeus!» Nem mais profere,
E aos arraiaes tornando o passo alarga.
Já de oliva enramados oradores
Latinos pedem venia, a fim que esparsos
100Corpos sepultem, victimas da guerra;