Página:Eneida Brazileira.djvu/59

Wikisource, a biblioteca livre

Á larga odor sulfureo exhala e estende.
Meu pae rendido se ergue, invoca os deuses,
E adora o astro santo: «Ó patrios numes,
Presto vos sigo o acêno; impulso he vosso:
735Protegei, resalvai-me o neto e a casa:
Troia está sob a vossa potestade.
Nem mais recuso, filho, eu vou comtigo.»

Nos muros claro então crepita o fogo,
De perto volve am ala e o esto esparge.
740«Sus, meu pae, eu te ajudo, ás nossas costas
Sobe-te, ó caro, não me aggrava o pêso:
Em successo qualquer, teremos ambos
A mesma salvação, commum perigo.
Ladêe-me o filhinho, e atrás Creusa
745Não se afaste de mim. Sentido, ó servos:
Ao sahir, n’um outeiro está de Ceres
Velho templo deserto, ao pé de antigo
Cypreste, com respeito religioso
Dos avós longamente conservado:
750Por diverso caminho alli seremos.
Tu, padre, o que ha sagrado e os patrios divos
Toma: tinto em matança, impio he tocal-os,
Sem que eu me expurgue em vívida corrente.»

Nisto, o vestido pelos hombros dóbro,
755Envergo de um leão a fulva pelle,
Curvo-me e o pae carrégo: o tenro Iulo
Trava-me a dextra, amiuda os curtos passos
Por alcançar os meus; não longe, a espôsa
Nos vai na trilha por opacos sitios:
760E eu, que ha pouco arrostava hostes e dardos,
De um sôpro agora tremo, um som me espanta,
Pela companha e carga temeroso.

Propinquo ás portas, já me conto livre;
De repente um tropel ouvir cuidamos;
765Na treva Anchises lobrigando: «Filho!