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E tu Poeta bem fadado,
Que na gentil Guanabára
Tantos cantos tens cantado
Á tua pátria preclara,
Recebe este meu canto
De amargôr e de pranto,
Sem bellezas, sem encanto.
Á minha pátria tão cara.

Vi as bellezas da terra
Da tua terra sem igual,
Mirei muito do qu’encerra
O teu lindo Portugal;
E se invejo a lindeza
Da tua terra a belleza,
Tambem é bem portugueza
A minha terra natal.

Com gloria trago no peito
Esse nome outr’ora forte,
Que não sei o que foi feito
Do seu presagio de sorte.
E s’inda dorme indolente,
Bem cantaste, em voz cadente,
Que ha de surgir potente
Desse lethargo de morte.

Tambem invejo o Brazil
Sobre as aguas a brilhar,