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Hum, he o uso inadmissivel do y á maneira dos Francezes ; o outro, o de ẽi por em, que ambos procedem de huma pronunciação viciosa brasileira ; o terceiro he a omissão do h em hum, e em he.

Regra Iª. Nas palavras derivadas do latim devem conservar-se todas as letras que o uso, não absolutamente antiguado, tem conservado aos vocabulos latinos convertidos em vozes portuguezas por mudança de terminação, transposição, omissão, addição ou substituição de letra ou letras.

Portanto, havendo entre os autores classicos antigos, ou entre os bons escriptores modernos algum que mais se encoste á derivação, deverá ser seguido de preferencia aos mais.

Regra IIª. Ainda quando o cunho da derivação só exista em algumas palavras entre as diversas que provêm do mesmo radical, deverá conservar-se nessas, para advertir o leitor da alteração que soffrêrão as vozes que o uso desviou da sua primitiva raiz. Temos muitas palavras immediatamente derivadas da lingua latina, muito depois de formada a nossa ; estas são pela maior parte termos scientificos ou introduzidos na poesia e em estylo elevado por homens doutos que conservarão na sua pureza os radicaes latinos ou gregos. Por isso, a par de vazio temos vacuo ; a par de azedo, azedume, etc., temos acido, acidez ; a par de ouro temos aureo ; de luzente, luzidio, temos lucido ; a par de fiel temos fidelidade ; a par de sinal, assinalar, assinar (como muitos escrevem), temos signo, insignia, significar, em que o g soa ; a par de em, entre, en-