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AS NINFAS DE EMÍLIA


QUANDO, na sua viagem à Grécia, Emilia teve notícia da existência de ninfas, dríades e hamadríades nos bosques, sua primeira idéia foi: "E se eu fizesse no sítio uma criação de ninfas? Temos lá borboletas azuis, temos uma quantidade de passarinhos e aves que piam, como o inambu e o uru — mas zero ninfas. Vou ver se a deusa Flora me cede algumas."

Isso foi daquela vez em que Pedrinho, Emília e o Visconde desceram juntos à Grécia Antiga para acompanhar Hércules em seus Doze Trabalhos.[1] Entre certo trabalho e outro, Emília e o Visconde aproveitaram o descanso para uma chegadinha ao reino da deusa Flora. Como havia ninfas por lá! Volta e meia perpassava uma, leve como bolha de sabão com forma humana — forma esvoaçante. "As ninfas não andam como nós — observou Emília. — Elas deslizam. Parece que não têm peso nenhum. E que diferença há entre dríade e hamadriade?"

O Visconde explicou que dríade era a ninfa de uma certa árvore, que vivia sempre ali em redor dela, e hamadríade era também uma ninfa dessa árvore, mas que vivia dentro do tronco.

— De castigo?

— Não. Como uma alma. Nossa alma não vive dentro do corpo?

Emília achou que a Natureza andava errada naquilo de prender ninfas dentro dos troncos, "porque há de ser uma tortura horrenda isso de viver entalado, sem o menor movimentozinho — nem piscar o olho. Vou pedir a Hércules para fender todas essas árvores e soltar as pobres hamadríades..."

Acha que estas ninfas daqui poderão acostumar-se no sítio de Dona Benta?

  1. Leia os 12 trabalhos de Hércules.