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1811; 3.° Bescherelle em 18..; 4.° Bleszy em 1863 ; 5.° Turgan em 1851; 6.° Leitão Ferreira em 1709; 7.° o auctor da noticia biographica que em ultimo logar publicámos no capitulo precedente, e que deve ter sido escripta em 1724. Estes dois ultimos testimunhos são, sem duvida alguma, muito anteriores a 1784 e por conseguinte de tempo em que ninguem, a não ser Bartholomeu Lourenço, sabia que, por meio do ar dilatado com o fogo, se podia elevar na atmosphera um apparelho convenientemente construido.

A descripção que publicámos no capitulo V parece ter sido feita por pessoa completamente ignorante da physica, que, nos proprios erros em que cahiu, deixou transparecer a idea de que a machina volante deveria conter um fluido mais leve que o ar e elevar-se em virtude do principio d'Archimedes. Aqui repetiremos as palavras em que nos parece estar mais ou menos obscuramente envolvida aquella idêa :


E porque as partes sujeitas a esta virtude (attractiva do ar) se não acham no composto de alguns corpos pesados, consiste o principal artificio d'esta machina em apartal-as dos ditos corpos, de sorte que sejam visivelmente attrahidas, e prendel-as com tal arte que vençam não só o peso da machina, mas outro qualquer que lhe estiver unido. Com este principio se faz o instrumento que descrevemos, que de sua natureza busque o ar e possa subir até meio d'elle, onde for egual a quantidade d'ar que o attrahe para cima e a do que fica em baixo e lhe resiste, ainda que em razão do seu peso natural nunca chegará tão alto ; assim mesmo, conforme o maior ou menor peso que levar, descerá mais ou menos até se pôr em equilibrio com o ar que fica mais visinho á terra e descançar n'elle.


Logo depois diz o auctor que a machina deverá ser