Página:Lendas e Narrativas - Tomo II.djvu/332

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Foi o que pudémos perceber. E era sobejo.

O major C*** ficou immovel. Quanto a mim, o primeiro pensamento que me scintillou no espirito foi o de despertar os nossos companheiros. Mas porque não haviam de morrer tranquillos? Deixei-os.

O brado do arraes fôra seguido de um momento de tremendo silencio: depois senti que o chasse-marée fazia um singular movimento, como galgando pelo dorso de enorme vaga; após isto pareceu-me que subitamente parára, e ouvi de novo falar na tolda. Era a voz de Mr. Graham, o poeta agoureiro e esguio.

Este momento de incerteza foi horrivel. Então conheci bem a verdade de uma phrase de Milton “a escuridão visivel.” Nas trevas profundissimas em que estava via o reluzir do mar ao redor da véla branca em que jaziamos; e os olhos da minha imaginação enxergavam através da agua os rochedos de sorvedouros submarinhos, onde os nossos cadaveres deviam dentro em pouco achar uma sepultura desconhecida.

Não sei o como, mas a verdade é que, no meio do terror de morte afflictiva e demorada, me veio á cabeça uma idéa ridiculamente consoladora. Foi esta a imagem de Mr. Graham sumindo-se nas goelas de um tubarão com a