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— Isto quer dizer que eu te incomodo vindo aqui

— Ao contrário, meu Deus! É a única alegria que tenho neste mundo. Dê-me esse consolo! Venha conversar comigo! Todos os dias! . . .

— Tenho agora muito que fazer; estou tratando de estabelecer-me. A tua conversa é bastante agradável, mas falta-me o tempo.

— E nos domingos ? . . .

— Ora Lúcia, sejamos francos. Melhor é confessares que eu te importuno. Já sabia disso; não me dirias nada de novo.

Quer saber o que respondeu?

— Se lhe incomoda vir aqui, eu irei vê-lo.

— Para conversar?...

Deixou pender a cabeça abatida.

— Para isso, continuei, não se incomode. li, até favor não ir; porque vendo-a não me saberei dominar, e posso causar-lhe algum horrível sofrimento.

— É justo! Servi apenas para matar um desejo! E hoje nem para isso!.. .

Ainda voltei uma vez à casa de Lúcia.

Era natural; à medida que eu sentia essa criatura desapegar-se de mim, agarrava-me a ela com a ânsia do náufrago. Suspeitava que Lúcia tinha um amante. Queria desenganar-me; o acaso favoreceu-me.

Vi entrando na sala um objeto que pela sua novidade atraiu logo a minha atenção. Era um elegante vaso de cristal cor de leite, representando uma tuberosa; a flor que lhe servia de bocal ostentava uma camélia soberba; o ciúme, que é instinto e faro da paixão, descobriu logo entre o pé do vaso