Página:Machado de Assis - Critica.djvu/135

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Não é que eu exclua os poetas de minha república; sou mais tolerante que Platão; mas alguma coisa me diz que esses toques políticos do Sr. Teófilo Dias são de puro empréstimo; talvez um reflexo do círculo de seus amigos. Não obstante, há em tais versos um esforço para fugir à exclusiva sentimentalidade dos primeiros tempos, esforço que não será baldado, porque entre as confidências pessoais e as aspirações de renovação política, alarga-se um campo infinito em que se pode exercer a invenção do poeta. Ele tem a inspiração o calor, e o gosto; seu estilo é decerto assaz flexível para se acomodar a diferentes assuntos, para os tratar com o apuro a que nos acostumou. A realidade há de fecundar-lhe o engenho; seu verso tão melódico e puro, saberá cantar outros aspectos da vida. "Tenho vinte anos e desprezo a vida", diz o Sr. Teófilo Dias em uma das melhores páginas dos seus Cantos Tropicais. Ao que lhe respondo com esta palavra de um moralista: Aimez la vie, la vie vous aimera.

Se o poeta quer um exemplo, tem-no completo no Sr. Afonso Celso Júnior. O autor dos Devaneios é-o também das Telas Sonantes. Não sei precisamente a sua idade; creio, porém, que não conta ainda vinte anos. Pois bem. em 1876 a sua poética, estilo e linguagem eram ainda as de um