Página:Machado de Assis - Teatro.djvu/206

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APOLO

Oh! que o destino te ouça a animadora voz! Quanto a mim...

MARTE

Quanto a ti?

APOLO

Vejo ir-se dispersado Dos poetas o rebanho, o meu rebanho amado! Já poetas não são, são homens: carne e osso. Tomaram neste tempo um ar burguês e insosso. Depois, surgiu agora um inimigo sério, Um déspota, um tirano, um Lopez, um Tibério: O álbum! Sabes tu o que é o álbum? Ouve, E dize-me se, como este, um bárbaro já houve. Traja couro da Rússia, ou sândalo, ou veludo; Tem um ar de sossego e de inocência; é mudo. Se o vires, cuidarás ver um cordeiro manso, À sombra de uma faia, em plácido remanso. A faia existe e chega a sorrir... Estas faias São copadas também, não têm folhas, têm saias. O poeta estremece e sente um calafrio; Mas o álbum lá está, mudo tranqüilo e frio. Quer fugir, já não pode: o álbum soberano Tem sede de poesia, é o minotauro. Insano Quem buscar combater a triste lei comum! O álbum há de engolir os poetas um por um. Ah! meus tempos de H