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Macunaíma se arrastou até a tapera sem gente agora. Estava muito contrariado porquê não compreendia o silêncio. Ficara defunto sem chôro, no abandono completo. Os manos tinham ido-se embora transformados na cabeça esquerda do urubú-ruxama e nem siquer a gente encontrava cunhãs por ali. O silêncio principiava cochilando a beira-rio do Uraricoera. Que enfaro! E principalmente, ah!... que preguiça!...

Macunaíma foi obrigado a abandonar a tapera cuja última parede trançada com palha de catolé estava caindo. Mas o impaludismo não lhe dava coragem nem pra construir um papirí. Trouxera a rede pro alto dum teso onde tinha uma pedra com dinheiro enterrado por debaixo. Amarrou a rede nos dois cajueiros frondejando e não saiu mais dela por muitos dias dormindo caceteado e comendo cajús. Que solidão! O próprio sequito sarapintado se dissolvera. Não vê que um ajurú-catinga passara muito afobado por ali. Os papagaios perguntaram pro parente onde que ia.

— Madurou milho na terra dos ingleses, vou pra lá!