Página:Manuel da Maya e os engenheiros militares portugueses no Terremoto de 1755.pdf/7

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á cidade de Lisboa depois do terremoto. De Eugenio dos Santos diz:

«A planta e prospecto (para a reedificação) foi dado pelo primeiro architecto da cidade, chamado Eugenio dos Santos, da escola das obras de Mafra. Nesta planta se conservaram as praças e largos quasi com as mesmas dimensoens que dantes tinhão, alargando-se, e endireitando-se as ruas que erão nimiamente estreitas e tortuosas; e nestas se assignou, quanto possivel foi, o chão de cada proprietario, para edificarem, dentro em prazos determinados, por si ou por outrem, sob pena de os perderem; prasos que se foram prorogando; por maneira que me não consta que alguem perdesse o seu terreno. A Inspecção taxou o preço de cada palmo de frontaria, conforme a situação das ruas, para que não querendo ou não podendo o proprio dono do chão edificar, podesse qualquer outro edificador comprallo á Inspecção, a qual entregava o dinheiro da compra ao dono do chão.

«Ouvi que fora o projecto de se não consentir, em rasão dos terremotos, que as casas da cidade nova tivessem mais do que lojas e dois andares; mas que em attenção ás representaçoens dos edificantes, que não podião ter interesse algum em edificar casas de tão poucos andares, veio o Governo a consentir que se edificassem de tres e agoas furtadas; e então se principiou a edificar segundo o prospecto que dera Eugenio dos Santos, consistindo em 1.º andar de sacadas, 2.º e 3.º, e agoas furtadas de janelas de peito; á excepção das casas da Praça do Rocio, as quaes tem, não sei porque, no 1.º andar janellas alternadas de sacada e de peito; o que faz com que esta praça perca huma grande parte da bellesa que podia ter. As agoas dos telhados erão recebidas em meios canaes praticados no cimo das paredes, e conduzidas á rua por