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ras. ¡Oh que pavôr lhe congelou o sangue! A loucura, que tanto dó lhe inspirava, fora toda a vida o seu terror. Em frente de um louco paralizava-se-lhe o corpo e a alma. Permanecia petreficada por uma horrivel impressão.

¡E viu-se em meio de um grupo de loucas!

Uma tinha um olhar metalico, feroz, fixo como que n'um gesto de vingança. Rugia imprecações furiosas contra o marido que a abandonára e enlouquecêra.

Outra tinha uns olhos negros, curuscantes, incendiados de genio, que, ainda mesmo através da loucura, faiscava em lampejos de argumentação lucida, a par de desconchavos grotescos. Essa era uma amante abandonada por um aventureiro de amor que lhe explorára o sentimento e a fortuna.

A terceira era uma doente de hipocondria. O seu olhar amortecido e baço fixava-se com uma expressão de melancolia, de imbecilidade spasmodica, nos objectos e nas pessoas. Era uma outra vitima da tirania conjugal. Sempre os dramas do lar, do preconceito, da miseravel condição da mulher, do predominio de costumes que fazem de homens bons