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errante de alma esgarçada entre as urzes do calvario, destinára-a a persistência da fatalidade a constituir uma prova dolorosa da opressão feminina. Vivera dentro da família e da sociedade anonima, desconhecida, ignorada. Uma estranha, uma duvida; um mistério, um sofisma; ura simbolo, um calvario; um farrapo de angustia condensado em fé; um anceio de amor cristalizado n'um grande ideal. A mentira roubára-lhe toda a felicidade. Convertêra-lhe em amargura a alegria, a saude, o amor, a independencia, a vida, emfim, a expansão livre de faculdades que deveriam ser gloria e proveito proprio e comum.

De toda essa derrota ficou-lhe apenas uma riqueza. A fé, a radiante e poderosa fé que na sua origem de dôr experiente, tem mais verdade que todas as teorias scientificas.

Ficou-lhe a potencia de alma que tem mais força que todas as que partem da alta escola da arte ou da filosofia. Essas duas forças em acção lhe abriram um mundo novo de concepções, impregnando-lhe o espirito de aspirações consoladoras. Purificou-se no culto d'essas aspirações. Tornou-se refractaria ás peque-