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imos o navio inimigo estava na nossa prôa, por isso não havia meio de o evitar. Navegámos então direitos a elle e o atacámol-o resolutamente. Começámos o fogo e o inimigo respondeu-nos, mas este combate teve um exito mediocre por causa do muito mar. — O seu resultado foi a perda de algumas das nossas presas, porque os seus commandantes assustados pela superioridade do inimigo baixaram os pavilhões. — Outros deram á costa.

Uma só das nossas presas foi salva. Era capitaneada por Ignacio Bilbáo, o nosso bravo biscainho que o conduzio a Imbituba, que então se achava em nosso poder. O Seival tendo a peça desmontada e fazendo agua, tomou o mesmo caminho, e eu fui obrigado a seguil-os por que estava com mui poucas forças para andar só no mar.

Entrámos em Imbituba, impellidos pelo nordeste. Com este vento era-nos impossivel entrar no lago e com certeza os navios imperiaes estacionados em Santa Catharina, informados pelo Andorinha, assim se chamava o navio de guerra com que tinhamos combatido, não tardariam a vir atacar-nos; era pois necessario prepararmo-nos para o combate. O canhão desmontado do Seival foi içado n’um promontorio que fechava a bahia do lado do levante, e ahi construimos uma bateria coberta com cestões.

Com effeito no dia seguinte ao apparecer da aurora vimos tres navios dirigindo-se para nós. O Rio Pardo, começou então um combate mui desigual, porque os imperiaes nos eram mui superiores em numero.

Havia querido desembarcar Annita, mas ella não tinha consentido, e como do fundo da minha alma admirava a sua coragem e me achava orgulhoso pelo seu valor, cedi aos seus rogos.

O inimigo favorecido na sua manobra pelo vento que então fazia, manteve-se á véla canhoneando-nos furiosamente. Podia d’esta maneira aproveitar todos os seus canhões dirigindo todo o seu