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ião.

Esperando, o general Oudinot, para mostrar, como o havia dito em seus boletins o culto que tributava á cidade, mormente desde 24, fazia lançar bombas sobre todos os bairros. Era sobre tudo durante a noite que elle empregava este meio de terror. Muitas cahiram no bairro Transteverino, muitas no Capitolio, algumas sobre o Quirinal, sobre a praça de Hespanha, e no Corso. Uma d’estas bombas cahiu sobre o templo que cobre o Hercules de Canova; mas a cupola resistiu. Uma outra estalou no palacio Spada, e damnificou a famosa pintura da Aurora de Guido Reni. Uma outra, mais impia ainda quebrou o capitel d’uma columna do maravilhoso templosinho da fortuna viril, obra prima respeitada pelos seculos.

O triumvirato offereceu ás familias populares, cujas casas se achavam destruidas, um asylo no palacio Corsini.

O animo do povo romano n’estes dias de provação foi digno dos antigos tempos. Em quanto que á noite perseguido pela saraiva dos projectís que despedaçava os telhados de suas casas, as mães fugiam levando seus filhos apertados contra o peito, em quanto que os ares atroavam de gritos e lamentações, nem uma só voz fallava em se render.

No meio de todos estes alaridos um só grito mofador se elevava quando alguma balla de artilharia ou algum obuz destruia uma parede de casa, e era:

— Benção do Papa!

A certesa maravilhosa das nossas peças durante os dias 25, 26 e 27 de junho, fez callar as baterias elevadas pelos francezes sobre a cortina e os bastiões occupados. Mas duas baterias francezas, uma collocada no bastião nº 6 e outra fóra dos muros, abriram o fogo contra as nossas baterias de Santo Aleixo. Além d’isto duas outras baterias collocadas, uma sobre a cortina, outra sobre o bastião nº 7, abriram tambem fogo contra a nossa bateria de São Pedro in Montorio.