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não tinha horisontes mais dilatados e por descobrir. Via esses horisontes atravez o longiquo véo do futuro.

V

Os acontecimentos de S. Julião

 

O navio em que desta vez voltei do Oriente destinava-se a Marselha.

Chegando a esta cidade soube da revolução suffocada no Piemonte e dos fuzilamentos de Chambéry, Alexandria e Genova.

Em Marselha travei relações intimas com Covi, que me apresentou a Mazzini.

Então estava longe de suspeitar a grande communidade de principios que um dia me uniria a Mazzini. Ninguem conhecia ainda o persistente e obstinado pensador, que nem a propria ingratidão tem feito desistir da grande obra que emprehendeu. Quando soube da morte de Vocchieri, Mazzini tinha dado um verdadeiro grito de guerra.

Escreveu na sua Joven Italia: «Italianos, é tempo de nos juntarmos, se queremos ficar dignos do nosso nome; e derramar o nosso sangue amalgamando-o com o dos martyres piemontezes.»

Mas em França, em 1833, não se diziam impunemente d’estas cousas. Algum tempo depois de lhe haver sido apresentado, e de lhe ter dito que podia contar comigo, Mazzini, o eterno proscripto, era obrigado a deixar a França e a retirar-se a Genova.

N’esta occasião o partido republicano parecia completamente morto na França. Era um anno apenas decorrido: estavamos a 5 de junho, — alguns mezes depois do processo dos combatentes do claustro Saint-Merry.