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MEMORIAS DE UM NEGRO
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cidi emprehender a viagem. Arenguei cinco minutos a um publico de duas mil pessoas, na maioria brancos do Norte e do Sul, e o discurso agradou. No outro dia os jornaes commentaram-no com benevolencia em differentes pontos do paiz. Alcancei pouco mais ou menos o meu objectivo, ser escutado pela classe dominante no Sul.

D’ahi em diante os discursos tornaram-se frequentes e dediquei a elles o tempo que pude economizar ao meu trabalho em Tuskegee. Os que pronunciei no Norte quasi todos se destinaram á acquisição de recursos para a escola; á gente de côr expliquei as vantagens da educação technica, complemento necessario da instrucção religiosa e literaria.

Vou agora narrar um incidente que excitou curiosidade e contribuiu para dar-me uma reputação que posso considerar como nacional. Refiro-me ao discurso que fiz na Exposição internacional dos Estados productores de algodão, em Atlanta, a 18 de Setembro de 1895. Falaram tanto sobre elle, fizeram-me tantas perguntas que os leitores me perdoarão talvez alguns pormenores. O primeiro discurso, o de cinco minutos, originou o segundo.

Na primavera de 1895 varios cidadãos influentes de Atlanta me telegrapharam pedindo-me que acompanhasse os representantes que essa cidade