Página:Negrinha- Contos (1920).pdf/46

Wikisource, a biblioteca livre

46 NEGRINHA

O excesso de ar as atordôa, o excesso de luz as martyrisa — affeitas que estavam ao espaço exiguo e á penumbra somnolenta dum habitat millenario.

Fazendeiros desalmados — não deixeis nunca arvores núas pelo cafesal... Cortae-as todas, que nada mais pungente do que forçar uma arvore a ser grotesca.

— Aquella perobeira alli, disse o major, deixei-a para assignalar o ponto de partida deste talhão. Chama-se a peroba do Ludgero, um bahiano valente que morreu ao pé della, estrepado numa jissara...

Tive a visão do livro aberto que seriam para o fazendeiro aquellas paragens, e disse:

— Como tudo aqui lhe ha de falar á memoria !

— E' isso mesmo. Tudo me fala á recordação. Cada tôco de pau, cada pedreira, cada volta do caminho tem uma historia que sei, tragica ás vezes, como essa da peroba, ás vezes comica—pittoresca sempre. Alli...— está vendo aquelle tôco de jerivá ? Foi por uma tempestade de fevereiro. Eu abrigára-me num rancho coberto