O padre Severiano não termina a lista, desanimado.
— Eu não posso evidentemente lembrar-me de todos! confessa com amargura. Há tantos poetas, tantos prosadores! Mas falas da poesia de ação? Essa poesia é tola.
— E quanto a escolas?
— Creio que não as houve no Brasil, ao menos que se não queira chamar de escolas — conjuntos de imitadores de Castro Alves, o insuportável metralhador de sílabas, os nefelibatas, etc.
De novo, Severiano faz-me o elogio do prodigioso Alphonsus de Guimaraens.
Eu indago:
— Deve ser curiosa a sua formação literária?
— Eu positivamente não sei bem como foi a minha formação literária. Não estou mesmo certo se houve ou se há em mim isso que o amigo chama respeitosamente "uma formação literária". Só sei de uma coisa: é que desde cedo tive sempre uma insaciável necessidade, ou para melhor dizer, uma intensa ânsia de cultura, que me levou a ler, ler, ler, e dessas leituras várias, mas bem orientadas, me ficaram, creio, uma estesia e um estilo — estesia ainda a corporificar em síntese e estilo ansioso de realizar a Forma. A minha formação literária é feita pois de um amálgama em que são ingredientes as obras-primas que eu admiro e que eu amo. Porque eu entendo que a coisa literária,