No fim da ceia, que as reiteradas libações prolongaram, e que correu animada, por mais de um dito, um gracejo, uma sentença licenciosa, o Thimoteo dirigiu estas palavras aos hospedes:
— Não está má esta. Dei-lhes da minha ceia sem saber quem são vosmecês. Agora, os seus semblantes, sinão me falta a memoria, não me são de todo estranhos.
— Assim deve ser, disse o cabra. Mais de uma vez tenho comprado aqui o meu vintem de aguardente.
— Isto é outro cantar; já vejo que somos conhecidos velhos.
— Tão conhecidos somos, seu Thimoteo, replicou o cabra, que tomo a liberdade de o convidar para um passeio agora mesmo por esta estrada afóra.
— Nossa-senhora-da-paz livre-me de tal, disse Thimoteo empallidecendo. Sahir a esta hora, por este tempo, deixar a minha casa á revelia, santo Deus! Nem pensem nisto, meus bons amigos.
— Não tem que receiar, meu caro. Cada um de nós traz, como vê, uma espada á cinta, e a sabe manejar.
— Bem estou vendo, disse Thimoteo. Mas sempre lhes quero dizer: o crioulo Gabriel