— Que edade tem ella, professor ?
Mas o velho sabio talvez nem me ouvisse, porque entrou a dar explicações sobre a segunda funcção que possuia o chronizador : involuir a corrente, rodar para trás, o que permittia córtes anatomicos no passado.
— Mas isso não interessa, aventei levianamente. O passado é velho conhecido nosso.
— Engano. E' tão desconhecido como o futuro e o presente.
Desta vez abri a boca, e lá por dentro me soou como tolice a phrase do sabio. Mas vi logo que o tolo era eu.
— Do presente que é que sabe o amigo Ayrton? Sabe apenas que está neste minuto conversando commigo. Mais nada. Não sabe siquer si os senhores Sá, Pato & Cia estão a esta hora de fallencia aberta.
— Impossivel ! Aquella gente é solida como as montanhas !... Só vendem á vista...
— Quantas planicies não marcam hoje o logar outróra occupado por montanhas!... Do presente o amigo Ayrton só sabe, isto é, só tem consciencia do que, no momento, lhe affecta os sentidos.
— Na verdade ! reflecti eu. Nem o meu Ford, que era tudo para mim, sei onde pára...
— E si ignoramos o presente, que dizer do passado ?
— Mas a Historia ?