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eclipse do sol, visivel na Nova-Inglaterra. O céo se tornou tão escuro, que muitos acreditaram ser chegado o dia do juizo final. A camara legislativa de Conneticut achava-se em sessão, e, quando a escuridão se tornou mais densa, um dos membros requereu que os trabalhos fossem suspensos. Ouvindo isto, um velho deputado puritano, Davenport de Stamford, se levantou e declarou que, se era chegado o dia de juizo, elle, ao menos, desejava ser encontrado no seu posto, cumprindo o seu dever; por esse motivo requeria que trouxessem velas, e que a camara proseguisse em seus trabalhos. Firme no posto do dever — era esta a maxima so velho; e o seu requerimento foi attendido.

Houve um homem de compleição fraquissima, que dedicava a maior parte de seu tempo a occupações philantropicas. Visitava os doentes pobres, demorava-se em companhia delles em suas miseraveis moradas, prestava-lhes os seus cuidados e auxiliava-os por todos os meios. Os amigos censuraram-n’o por se descuidar de seus negocios, além da constante ameaça de alguma enfermidade contrahida nas continuadas visitas aos doentes e moribundos. Respondeu elle com firmeza e simplicidade: «Cuido dos meus negocios por causa de minha mulher e de meus filhos; creio, porém, que o dever do homem para com a sociedade exige que elle vele por aquelles que não lhe pertencem pelos laços da familia.»

São estas as palavras de um fiel escravo do dever. O homem que dá dinheiro não é o verdadeiro bemfeitor da humanidade, mas sim o que a si proprio se dá. Aquelle que em favor dos necessitados dá o seu dinheiro é recompensado pela publicidade de seu acto generoso. O que dá o seu tempo, as suas forças, a sua alma, é amado. A memoria do primeiro póde perdurar, ao