Página:O jesuita - drama em quatro actos.djvu/124

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SAMUEL – E que direito tendes de amá-lo?

CONSTANÇA – É preciso um direito para amar?

SAMUEL – Não sabeis ainda quem é Estêvão. É um filho que Deus me enviou para consumar a obra que comecei. A maior glória a que um homem pode aspirar neste mundo, a glória de ter criado um povo e elevado um império, será a sua recompensa. Ele deve ser mais do que um rei; deve ser o libertador de sua pátria. E agora interrogai o vosso coração e respondei: uma mulher, ainda a mais bela e a mais virtuosa, tem o direito de roubar essa existência consagrada à tão nobre missão?

CONSTANÇA – Roubar! Não!... Partilhar!

SAMUEL – Roubar, sim; porque um olhar vosso lhe fará esquecer a glória, e rojará a vossos pés como um escravo o homem que deve dominar pelo pensamento; porque ele gastará a seiva de sua vida e o melhor de sua alma em um sentimento comum que pode experimentar o ente mais miserável da sociedade; porque vossas preces hão de curvar aquela