ESTÊVÃO – Calai-vos, senhor!... Ides despedaçar-lhe a alma. Puni-me, porém respeitai-a.
SAMUEL – Se uma mulher neste mundo pudesse ligar sua vida à existência de Estêvão, essa devíeis ser vós, Constança; vós que sois bela como sua alma, pura como o seu coração. Mas isto é impossível! Ele já quebrou os laços que o prendiam à sociedade; um abismo vos separa; um abismo profundo, que nenhum poder da terra pode suprimir.
ESTÊVÃO – Que quereis dizer, senhor? Explicai-vos!
CONSTANÇA – Sim!... Falai!... Por piedade! Meu espírito se perde!... Quero compreender... não posso! Quero duvidar...
SAMUEL – Não duvideis! Enquanto é tempo salvai-vos; salvai a ele que se perde, salvai-me a mim, que vivo dele e por ele.
CONSTANÇA – Salvar-me. Salvar-vos, e de quê?
SAMUEL – A vós, de um sacrilégio; a ele, de um perjúrio; e a mim de uma perda irreparável.