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O MANDARIM

 

ou atravessada sobre o leito d’oiro — lá jazia a figura bojuda, de rabicho negro e tunica amarella, com o seu papagaio nos braços... Era o Mandarim Ti-Chin-Fú! Eu precipitava-me, de punho erguido: e tudo se dissipava.

Então cahia aniquilado, todo em suor, sobre uma poltrona, e murmurava no silencio do quarto, onde as vélas dos candelabros davam tons ensanguentados aos damascos vermelhos:

Preciso matar este morto!

E, todavia, não era esta impertinencia d’um velho phantasma pançudo, accommodando-se nos meus moveis, sobre as minhas colchas, que me fazia saber mal a vida.

O horror supremo consistia na idéa, que se me cravára então no espirito como um ferro inarrancavel — que eu tinha assassinado um velho!