muito que transcrever. Escolho uma de suas objurgatórias risonhas, que é das melhores das “Trovas” e que, assim mesmo, não trasladarei na íntegra. Darei, contudo, o suficiente para que o leitor possa julgar como Gama desenvolveu o têma. E’ o trabalho intitulado “Os glutões”:
«O’ tu, quadrada Musa impavesada, soberana rainha da papança, borrachuda matrona insaciavel que tens o corpo pingue e larga pança;
Vem á triste morada do trovista um canto lhe inspirar que cheire a bife, para a fama elevar dos lambareiros sobre a grimpa do monte Tenerife.
Vem, filha do pincel do grande Alciato, dourar os versos meus que, descorados, não podem atrair leitores sabios, amantes da lambança e bons guisados,
derrama nestas linhas desbotadas o perfume odorante da linguiça, do paio português, do bom salame, que fome desafia e nos atiça,
transmuda o negro veu da escuridão, que a vista me detem, cerrando os olhos; um quadro me apresenta em que divise saboroso pastel com seus refolhos, </poem>