Página:O sertanejo (Volume I).djvu/173

Wikisource, a biblioteca livre
o sertanejo
169

     — Ao sr. capitão-mór Gonçalo Pires Campello, digo-lhe eu, Arnaldo Louredo, que não !

     O fazendeiro estendeu a mão para travar do braço do mancebo ; porém este retraiu-se de um salto e collocou-se em distancia.

     — Como amigo, podia fazer de mim o que bem quisesse. A' força, não !

     Foi então que a ira terrível do velho fez explosão, estalando como a cratera de um rochedo vulcanico ao arremessar a lava.

     — Agrela !

     Este brado que elle repetiu tres vezes uma sobre outra abalou os ares, estremecendo a casa e reboando pelos ecos da montanha.

     O ajudante, que já vinha aproximando-se, acodiu e o terreiro encheu-se de homens d'armas, trabalhadores e escravos, que haviam corrido ao brado do fazendeiro. Todos elles tinham avistado de longe o capitão-mór, que se voltara para chamar o ajudante, e o Arnaldo em pé junto ao banco da oiticica.

     — Agarre-me este atrevido ! gritou Campello ao Agrela que sahia á seu encontro. Quede ?

     Ao voltar-se o capitão-mór não vira mais Arnaldo e debalde buscou-o com a vista.