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o sertanejo

diando-as com a mão, na cisma de serem as madeixas, que tanto amava. Puerilidades do coração, sempre menino, ainda sob as cans do ancião.

     Si a brisa vinha bafejar-lhe as faces, impregnada da fragancia dos campos, elle entreabria os labios para beber-lhe as emanações, que se afiguravam á sua imaginação o halito perfumado de D. Flor, ao voltar-se para fallar-lhe.

     Si a jurity arrulhava no ninho, respondia-lhe Arnaldo docemente, com um querulo gorjeio. A rola arrufava-se de prazer escutando os ternos requebros que lembravam-lhe a companheira. E elle cuidava-se á conversar com a menina, e á responder-lhe as perguntas curiosas.

     Estes sonhos de todas as noites ali passadas ao relento eram talvez recordos, em que sua alma se revivia no passado, e que a esperança entrelaçava de fagueiras illusões.

     No meio dos devaneios que lhe embalavam a mente, o sertanejo adormeceu.

     A onça que se agachara entre a ramagem, desenganada da espera, esgueirou-se pelo mato, e foi-se ao faro de alguma novilha desgarrada.