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Em seguida, convenceu o mandachuva que o país devia ser conhecido na Europa por meio de uma imensa comissão de propaganda e de anúncios nos jornais, cartazes nas ruas, berreiros de camelots, letreiros luminosos, nas esquinas e em outros lugares públicos.

A sua vontade foi feita; e a curiosa nação, em Paris foi muitas vezes apregoada nos boulevards como o último específico de farmácia ou como uma marca de automóveis. Contam-se até engraçadas anedotas.

Nos anúncios luminosos, então, a sua imaginação foi fértil. Houve um que ficou célebre e assim rezava: "Bruzundanga, País rico — Café, cacau e borracha. Não há pretos."

Não ficou aí. Mostrou a necessidade de uma esquadra poderosa e o mandachuva encomendou uma custosíssima, para o serviço da qual o país não tinha marinheiros dignos, arsenais, e que pôs de alcatéia a República das Planícies.

Tudo isto e mais a transformação da capital, da noite para o dia, fato a que já aludi, endividaram sobremodo o país e, com a vinda de um inepto mandachuva, para cuja ascensão ele muito concorreu, a Bruzundanga veio a ficar na miséria.

Por essas e outras, foi Pancôme proclamado o maior estadista da nação, embora a situação interna, durante o seu longo ministério (quase dez anos), piorasse sempre e cada vez mais, sem que ele apresentasse ou lembrasse medidas para remediar um tal estado de descalabro.

Tirassem-no das cousas fantasmagóricas e berrantes que feriam