mulher, e onde as balsaminas, os limonetes e hortensias cresciam vigorosas, e a relva rescendia com as violetas e malvas que a entremeiavam.
D. Luiz desceu lentamente a avenida, com os olhos fitos no portão da quinta.
— É aquella uma das entradas da propriedade, não é? — perguntou elle ao padre.
— É, sim, senhor. Repare v. exc.ª que é um portão de quinta nobre. Falta-lhe o brazão.
O fidalgo calou-se e não tirou os olhos do portão da quinta, da qual se ia avisinhando. Passados alguns instantes respondeu á observação do procurador, dizendo:
— Dentro de alguns annos mais póde comprar barato o da Casa Mourisca. Os meus filhos não serão exigentes no preço.
O padre não soube bem o que devia dizer n'este caso. Limitou-se por isso a expellir um simples «Oh!» sem entonação que o definisse.
Chegaram emfim ao portão. D. Luiz ordenou ao padre que tocasse a sineta.
Este ia a fazêl-o, quando se voltou dizendo:
— Anda gente cá dentro.
D. Luiz não foi superior a certo sobresalto ao ouvir a noticia; vencendo-se, porém, caminhou resoluto e com a fronte contrahida para diante. De repente estremeceu, parou, e comprimindo o peito como se fora ferido alli, murmurou:
— Ó Sancto Deus!
— Que tem v. exc.ª? — interrogou inquieto o padre, que reparára no gesto de D. Luiz — Foi pontada?! Estes passeios violentos e fóra d'horas...
O fidalgo não respondeu e continuou com os olhos fitos em não sei que ponto do interior da quinta.
Frei Januario desviou para alli a vista, a fim de elucidar-se na explicação do mysterio.
Chegava n'este momento ao portão uma rapariga, singelamente vestida de branco, que correu ao encontro d'elles.
Era Bertha.
— O meu padrinho! — exclamava ella dirigindo-se ao