Bertha não estava menos constrangida, ao responder-lhe:
— Importunar-me? De maneira alguma.... Eu é que sinto que meu pae não esteja em casa, que é de certo quem o snr. Jorge procurava.
— Ah! seu pae não está em casa?
— Não; sahiu agora mesmo.
Bertha não ousou dizer para onde.
O nome da Casa Mourisca recordaria a scena do jantar, e Bertha tremia de recordal-a diante de Jorge.
Este caminhou para a janella, distrahidamente. E passeiando a vista por os campos, perguntou, sem ainda olhar para Bertha:
— Não sabe se o pae tardará muito?
— Eu... julgo que sim... Mas talvez minha mãe o possa informar melhor.
A proposito chegava Luiza para dar as informações precisas e para fazer cessar o constrangimento d'aquelle dialogo, cuja prolongação seria um martyrio para ambos.
— Ah! snr. Jorge, snr. Jorge — exclamou Luiza logo que o viu — ainda bem que veio, e pena é que não viesse meia hora mais cedo.
— Então era cá tão necessaria a minha presença?
— Ora se era! Eu ponho as mãos n'umas horas se estando cá o snr. Jorge, se mettia aquella scisma na cabeça do meu Thomé.
— Que scisma é essa de que falla?
— Pois então não sabe para o que havia de dar áquelle homem de Christo?
— Não sei, não.
— Ó Bertha, então tu não disseste ao snr. Jorge para onde teu pae foi?
— Eu... eu ignorava...
— Ora adeus! Se eu não tenho fallado de outra coisa, desde que elle sahiu! Ignorava! Vocês sempre teem coisas! Pois o meu Thomé está a estas horas na Casa Mourisca.
— A fazer o quê?