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XXI


Jorge apenas a Gabriella deu parte do seu projecto de jornada.

No dia seguinte partiu effectivamente para o Porto na companhia de Thomé da Povoa.

D. Luiz, ainda firme no proposito de não querer vêr o filho, nem ouvir fallar d'elle, nada soube d'esta excursão.

Mauricio estranhou a ausencia do irmão; mas, desde que a baroneza lh'a explicou, dizendo-lhe a verdade, não pensou mais em tal.

O padre, quando soube que Jorge tinha ido ao Porto, cidade que, no conceito do egresso, era um fóco de corrupção, e onde mais risco havia para a juventude de infeccionar-se com a peste da maçonaria e outros males correlativos, abanou tres vezes a cabeça, em signal de mau prognostico; mas não ousou fallar das suas apprehensões ao fidalgo, porque andava desconfiado, havia algum tempo, com os humores em que o via.

De facto D. Luiz, depois de algumas das sevéras palavras que ouvira a Thomé da Povoa, não podia vencer um tal ou qual resentimento contra o padre, cuja imprevidente gerencia tinha talvez concorrido para o estado precario da sua casa e as humilhações que soffria.

Apenas attenuava este resentimento a ideia fatalista de que a decadencia das casas nobres era inevitavel, e que baldado era tentar reagir.

Para elle o padre não podia ser mais que o instru-