Página:Os Fidalgos da Casa Mourisca (I e II).pdf/348

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do juizo d'ella, Clemente fôr bem acolhido, dê-me parte para o participar ao meu constituinte.

Jorge não podia despojar as suas palavras de todo o tom de ironia, ao referir-se a Clemente.

— Mas... — disse com certa hesitação Thomé — então retira-se já?

— Pois não diz que vae consultar Bertha?

— Mas, se se demorasse, podia já saber...

— A urgencia não é tanta que se torne necessario esperar. Mas emfim esperarei. Vou dar uma volta pelo campo, emquanto lhe falla.

— E tinha duvida em ficar?

— Ficar onde?

— Aqui.

— A fazer o quê?

— A ouvir a resposta de Bertha.

— Eu?! — exclamou Jorge, com uma vivacidade que para Thomé não tinha explicação.

— Então que tem? Não se tracta de segredo algum. É uma proposta que vou fazer a minha filha e á qual ella responderá sim ou não, e está acabado. A presença do snr. Jorge nada estorva. Antes poderia dar á pequena informações a respeito do Clemente, que ella conhece mal...

— O quê?! Thomé! — acudiu Jorge irritado — pois cuida que eu me encarrego de similhante papel? Eu? Que interesse tenho eu em que Bertha aceite a proposta de Clemente? Que certeza posso dar-lhe de que fará bem aceitando-a? Eu sei lá? Clemente é um rapaz de quem sou amigo, mas não sei nem quero saber se d'elle se fará um bom marido. A respeito de casamentos não dou conselhos. Não quero que me lancem depois as culpas. N'esse assumpto cada um escolha por si, porque para si escolhe. Informações a respeito do Clemente! Eu?! Mas que informações quer que eu dê?

— Pois não diz que é seu amigo? — tornou Thomé, um pouco admirado com as maneiras impertinentes que notava em Jorge — Não é essa já pequena garantia para