do gabinete, o divan turco coberto com um tapete de Brousse, a estante envidraçada cheia de livros. Vou ficar aqui adoravelmente...
— Mas ainda nem lhe agradeci o ter vindo, murmurou Carlos, esquecido, a olhar para ella. Ainda nem lhe beijei a mão...
Maria Eduarda começou a tirar o véo, depois as luvas, fallando da estrada. Achára-a longa, fatigante. Mas que lhe importava? Apenas se accommodasse n’aquelle fresco ninho nunca mais voltava a Lisboa!
Atirou o chapéo para cima do divan — ergueu-se, toda alegre e luminosa.
— Vamos vêr a casa, estou morta por vêr essas maravilhas do seu amigo Craft!... É Craft que se chama? Craft quer dizer industria!
— Mas ainda nem sequer lhe beijei a mão! tornou Carlos, sorrindo e supplicante.
Ella estendeu-lhe os labios, e ficou presa nos seus braços.
E Carlos, beijando-lhe devagar os olhos, o cabello, dizia-lhe quanto era feliz e quanto a sentia agora mais sua entre estes velhos muros de quinta que a separavam do resto do mundo...
Ella deixava-se beijar, séria e grave:
— E é verdade isso? É realmente verdade?...
Se era verdade! Carlos teve um suspiro quasi triste:
— Que lhe hei de eu responder? Tenho de lhe repetir essa coisa antiga que já Hamlet disse: que