Página:Os trabalhadores do mar.djvu/460

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A maré approximando a pança da Durande, tinha diminuido os perigos da descida; mas essa diminuição de intervallo deixou a parte superior do cano mettida na especie de quadro que apresentava o bojo aberto da Durande. O cano estava preso como entre quatro paredes.

O serviço prestado pelo mar complicava-se com esta dissimulação. Parece que o mar, obrigado a obedecer, teve uma segunda tenção.

É verdade que aquillo que a enchente fizera, ia desfazel-o a vasante.

O cano, tendo mais de tres toezas de altura, tinha uns oito pés mettidos na Durande; o nivel d’agua abi baixaria doze pés; o cano descendo com a pança, teria quatro pés de espaço acima de si, e poderia sahir.

Mas quanto tempo era preciso para isto? Seis horas.

D’ahi a seis horas seria meia-noite. Que meio tentaria Gilliatt para sahir áquella hora, que canal tomaria atravez daquelles cachopos, já tão inextrincaveis de dia, e como arriscar-se no meio da noite em semelhante emboscada de bancos de pedras?

Era força esperar até o dia seguinte. Aquellas seis horas perdidas faziam perder ao menos doze horas.

Era mesmo necessario não adiantar trabalho abrindo a entrada ao cachopo. O tapamento era preciso até a maré proxima.

Gilliatt devia repousar.

Cruzar os braços, era a unica cousa que elle não tinha feito desde que estava no escolho Douvres.

Irritou-o, indignou-o quasi, como se fosse culpa delle,