Página:Os trabalhadores do mar.djvu/568

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envolucro. A agua, querendo entrar, apertava o obstaculo, alargava-o utilmente na fractura, e consolidava-o. Era uma especie de compressa exterior.

No interior, tendo sido empurrado apenas o centro da lona, ficava á roda do buraco e do batoque um rolete circular do pau no tanto inais adherente quanto que as desigualdades da fractura o retinham. A via d’agua estava tapada.

Mas nada mais precario do que aquillo. Os relevos agudos da fractura que fixavam o panno, podiam fura-lo e por esses buracos entraria a agua. Gilliatt na obscuridade, não descobria isso. Era pouco provavel que o batoque durasse até de manhã. A anxiedade de Gilliatt mudou de forma, mas elle sentia a crescer ao mesmo tempo que sentia quebrarem-se-lhe as forças.

Continuou a esvasiar o porão, mas os seus braços, no extremo esforço, apenas podiam levantar a pá d’agua. Estava nú e tremia.

Gilliatt sentia a approximação sinistrada extremidade. Talvez houvesse uma vela ao largo, um pescador que por acaso passase nas aguas de Douvres podia ajudal-o. Era chegado o momento em que se tornava necessario um collaborador. Um homem e uma lanterna, e tudo estaria salvo. Sendo dous, esvasiava-se facilmente a barca; uma vez estancada, sem aquella sobrecarga liquida, voltaria ao nivel de fluctuação, o buraco sahiria d’agua, o reparo seria exequivel, podia-se immediatamente substituir o batoque por uma peça de madeira, e o aparelho provisorio por um concerto difinitivo. Senão, era preciso esperar até de manhã, esperar a noite toda! Funesta demora que podia ser a perdição. Gilliatt tinha a febre da urgencia. Se por