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OCCIDENTAES
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O CORVO


(EDGAR POE)


         Em certo dia, á hora, á hora
         Da meia-noite que apavora,
Eu, cahindo de somno e exausto de fadiga,
         Ao pé de muita lauda antiga,
      De uma velha doutrina, agora morta,
      Ia pensando, quando ouvi á porta
      Do meu quarto um soar devagarinho,
         E disse estas palavras taes:
«É alguem que me bate á porta de mansinho;
         «Ha de ser isso e nada mais.»

         Ah! bem me lembro! bem me lembro!
         Era no glacial Dezembro;
Cada braza do lar sobre o chão reflectia
         A sua ultima agonia.