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DANTE


(Purgatorio, canto XXV.)


Acabára o ladrão, e, ao ar erguendo
As mãos em figas, deste modo brada:
«Olha, Deus, para ti o estou fazendo!»

E desde então me foi a serpe amada,
Pois uma vi que o collo lhe prendia,
Como a dizer: «não falarás mais nada!»

Outra os braços na frente lhe cingia
Com tantas voltas e de tal maneira
Que elle fazer um gesto não podia.

Ah! Pistoia, por que n’uma fogueira
Não ardes tu, se a mais e mais impuros,
Teus filhos vão nessa mortal carreira?