Página:Poesias de Maria Adelaide Fernandes Prata offerecidas as senhoras portuenses (1859).pdf/108

Wikisource, a biblioteca livre
98
Soneto.
 

Basta, cruel Anarda, eu já não posso
A vossa ingratidão mais supportar;
Mas crê que em odio eterno vae mudar
O amor, que fez murchar o engano vosso!

Com raiva, com vingança o mal adóço!
Perjura, eu te farei gemer, ralar;
Pensas, que o meu rival le ha de gozar?
Terrivel tu verás qual o fim nosso!

Escura, tenebroza a noute estava,
Ao escutal-o, Anarda impallidece,
Tremendo, o novo amante ella esperava:

Eis, que desponta lá, elle apparece,
Anarda, minha Anarda, elle a chamava;
Mas encontra um punhal, e já fenece!...