Página:Poesias de Maria Adelaide Fernandes Prata offerecidas as senhoras portuenses (1859).pdf/110

Wikisource, a biblioteca livre
100
A sombra de Camões.
 
Soneto.
 

Cesse tudo o que a Musa antiga canta,
Cesse mesmo o que outr'ora já cantei,
Que outro valor mais alto eu encontrei!
E a sombra, assim fallando, se levanta:

De Pedro Quinto a audacia ao vate espanta !
Diz: d'insignes varões quanto narrei,
Calle-se agora a fama, que eu direi,
Que um Monarcha magnanimo supplanta

Quanto d'esses heroes o mundo exalta:
Na idade juvenil valor tão forte,
Cumprir parece só missão mui alta

Esse, que ousado affronta o fado, a sorte,
Que através do perigo nunca falta,
Em quem poder não tem a dura morte!