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N.º 53
Discurso dirigido ao Presidente do Governo Central de Hespanha (Junta Suprema de Sevilha, durante o captiveiro do Rei Fernando VII), em 2 de agosto de 1809, por D. Pedro de Sousa e Holstein, depois Duque de Palmella, Enviado Extraordinario e Ministro Plenipotenciario de Portugal junto do mesmo Governo.

Senhor — O Principe Regente de Portugal, meu Amo, não se tendo nunca separado da estreita alliança e amizade de Sua Magestade Catholica senão quando a Côrte de Madrid (então illudida pela França) o forçou a esse extremo partido, achou que devia, em prova da sinceridade dos seus sentimentos, não perder hum só instante, apenas soube da gloriosa restauração de Hespanha, em dar aos Governadores Hespanhoes dos Estados limitrophes do Brazil, as seguranças do restabelecimento da mais perfeita amizade. He consequentemente, pois, ás mesmas ideas que Sua Alteza Real o Principe Regente de Portugal se apressa em procurar todos os meios de restabelecer a boa correspondencia e harmonia que deve existir entre as duas Monarchias, para felicidade de ambas. O mesmo Senhor declara por meio do seu Plenipotenciario, que elle manda residir junto ao Governo Hespanhol, a firme intenção em que está de fazer causa commum com a Hespanha para segurar a sua defeza; na certeza que a Peninsula nunca poderá conservar a sua independencia senão mantendo-se toda ella livre da perfida influencia do Governo Francez, e ligada á alliança de Sua Magestade Britannica, á qual Sua Alteza Real adhere firmemente, considerando esta alliança como o objecto o mais essencial da politica dos seus Estados, até pela sua grande duração, pois se conserva ha seculos e sempre debaixo dos mesmos principios.

O Principe Regente do Portugal, meu Amo, ve com huma inexpli-