Página:Turbilhão (Coelho Netto, 1919).djvu/11

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acima da cabeça, as mãos juntas, estrincando os dedos enclavinhados e bocejou, espichando-se nas pontas dos pés caindo depois, rijamente, sobre os tacões.

Já as primeiras páginas haviam descido para a clichagem. Embaixo, martelavam pancadas crebas, como de matracas. A caldeira reboava num retroar soturno de caverna que repercutisse, sem descontinuar, o gorgorejo possante de águas encachoeiradas.

Na sala da revisão, estreita e abafada, mal comportando as quatro mesas de serviço, os revisores repousavam; apenas o Brites, esgalgado e míope, lia o antigo de fundo, todo em períodos lamentosos augurando fome e lutas; e o Amaro, conferente, acusando a pontuação de quando em quando batia na mesa pancadas secas com um lápis ou dizia claramente uma palavra, repetindo-a devagar, sílaba a sílaba, enquanto o Brites, debruçado sobre a prova, fazia a emenda resmungando.

O Malheiros, em mangas de camisa, suado, afogueado, derreava-se na cadeira, com a cabeça no respaldo, fumando, de olhos distraidamente cravados no teto, de onde escorriam os fios oscilantes das lâmpadas elétricas. O Bruno, abaçanado, raquítico, nervoso, sempre a calcar sobre a mola flácida do pince-nez, que lhe escorregava do nariz tressuante, todo pendido para o Freire, com uma rosa murcha à botoeira, silvava endecassílabos, preconizando